10 de fev. de 2008

São Pedro de Rates - A torre singela na Bahia

Tomé de Sousa (filho de João de Sousa, abade de Rates, e descendente de Martim Afonso Chichorro e do rei Afonso III de Portugal) veio ao Brasil por força de regimento de 17 de dezembro de 1548, de D. João III, rei de Portugal, que em seus 48 artigos disciplinava detalhadamente a instalação do governo, a concessão de sesmarias, a organização do comércio, as medidas para a defesa, o trato aos índios, invasores e outros mais. Tomé de Sousa aportou na Bahia em 29 de março de 1549, com 320 homens de armas, 1600 degredados e 6 jesuítas, chefiados por Manoel da Nóbrega. Entre aqueles, destacava-se o moço Garcia de Sousa d’Ávila (São Pedro de Rates, 1528 – Salvador, 1609) por ele tão estimado que, no dia 1 de junho, o nomeou "feitor e almoxarife da Cidade do Salvador e da Alfândega".

Tomé de Sousa doou a Garcia d'Ávila catorze léguas de terras de sesmaria que lhe haviam sido outorgadas pelo rei Dom Sebastião. Estas terras iam de Itapoã até o Rio Real e Tatuapara, pequeno porto cinqüenta metros sobre o nível do mar. Foi lá que Garcia d’Ávila ergueu sua Torre Singela de São Pedro de Rates em 1551 (medida de segurança exigida pelo regimento real). A construção do castelo foi concluída em 1624, pelo seu neto Francisco Garcia Dias d'Ávila Caramuru, filho de sua filha Isabel d'Ávila (tida com a índia tupi Francisca Rodrigues) e de Diogo Dias, filho de Vicente Dias e de Genebra Álvares (esta, filha de Caramuru e Paraguaçu).


Alguns registros apontam que Garcia d'Ávila era na verdade filho de Tomé de Sousa. Em Portugal, ele assinava Garcia de Sousa, e continuou com esse nome até quando foi para a Índia. Quando chegou ao Brasil foi que adotou o nome Ávila, para esconder o fato de que era filho de Tomé de Sousa. Garcia d'Ávila nunca se identificou como filho de Tomé de Sousa porque a lei portuguesa proibia que capitães-mores e governadores doassem sesmarias a seus familiares. Sobre Garcia d'Ávila, o padre Manuel da Nóbrega escreveu: “parecendo-me ainda estar Tomé de Sousa nesta terra”. A antiga construção portuguesa está situada a 70 metros acima do nível do mar, distando 2,5 km da praia e 4 km da vila dos pescadores de Praia do Forte.



A Casa da Torre foi a unidade central da maior propriedade do Brasil, uma sesmaria que compreendia áreas desde Salvador até o atual estado do Maranhão, o que correspondia a 800.000 km2, ou seja, 1/10 da área total de nosso país.


P.S.: A propósito, o braço na foto é o meu!

Um comentário:

Duarte Lopes disse...

Meu caro amigo
Sou natural de Rio Mau, terra vizinha de Rates. Porque em Rates encontrei a mulher ideal, casei e resido na pequena Vila de S. Pedro de Rates.
Por causa da geminação de Rates com a Cidade da Mata de S. João, descobri o seu blogue e fiquei surpreendido. Não sabia da existência de Rates como apelido, ou sobrenome, como dizem aí.
De Facto, Tomé de Sousa nasceu cá. E há suspeitas de que o "moço" Garcia d'Ávila seja seu descendente directo, mas são apenas suspeitas.
Se o meu caro amigo o permitir, falarei da existência do seu blogue ao Presidente da Junta de Freguesia de Rates, o "prefeito" cá da terra, talvez ele tenha interesse em contactar com tão ilustre "conterrâneo"
Um forte abraço deste ratense por adopção
Duarte Lopes