16 de jun. de 2008

Um novo Rattes


Temos um novo membro na família Rattes. Em 6 de julho de 2008, em New Orleans, Estados Unidos, nasceu Gabriel Alexander Rattes, filho de Claudio Erices Rattes, neto de Eliseu Lima Rattes, bisneto de Elídio de Moraes Rattes, tetraneto de Elídio Rattes. Ao Gabriel, muita luz e paz neste mundo.

12 de jun. de 2008

Não esquecendo que também somos Moraes

De Luiz Ferraz Moulin recebi o seguinte comentário:

"Conheci o primo Apolinário de Moraes Rattes e sua esposa dona Lucília em Guaçuí, pois ele era primo de meu pai José Moraes Moulin. Tio Elídio Rattes morou em Guaçuí, onde nasceram alguns filhos, entre eles Dr. José Moraes Rattes, pai do Paulo. Ele foi Coronel da Guarda Nacional e líder político em Alegre, onde participou da Revolta do Chandoca. Sua esposa, tia Elvira Salles Pinheiro de Moraes, era filha de Manoel Gomes Pereira de Moraes e de Guilhermina Amélia de Salles Pinheiro, ambos de Valença, RJ, da família do Visconde de Ipiabas, eram primos irmãos e membros da aristocrática família Pinheiro de Souza. Tia Elvira faleceu em Cachoeiro do Itapemirim, onde morava com a Maria e a Nina. Tio Elídio faleceu em Alegre. Apolinário era um grande pesquisador da família Moraes, foi ele quem descobriu que nós éramos da família Antas de Moraes, de São Paulo, descendente dos Braganções. Ele nos visitava sempre em Guaçuí, e em suas viagens a Mariana, MG, descobriu nossa origem familiar".

Luiz Moulin foi prefeito de Guaçuí por duas vezes, Deputado Estadual, Secretário Estadual do Meio Ambiente, Secretário Estadual de Justiça e Diretor de Meio Ambiente da CESAN.

Ao Luiz, meus sinceros e mais profundos agradecimentos pelo relato que emociona, pela luz que proporciona e pela descoberta de mais um laço familiar.

22 de abr. de 2008

Um pouco sobre Manoel Antonio Rates

"A presença da família de Manoel Antônio Rates nos levou a uma busca de informações. Pelo material levantado, percebeu-se uma intensa ligação da família com vários outros locais sul-mineiros. A atividade comercial do pioneiro facilitava esta articulação. Pela sua origem freqüentava Carrancas, São João del Rey, e demais regiões. Seus filhos e netos foram batizados em diferentes ermidas presentes em várias fazendas. Foram padrinhos em casamentos e batizados em diversas localidades. O nome de Manoel Antônio Rates, bem como de seus filhos, são citados em diversos documentos e inventários. Apadrinhamentos entre esses antigos moradores nos mostram a interligação existente do sítio Cachoeira, de Manoel Antônio Rates às outras fazendas. Lá ia o Manoel a Padre Bento, hoje São Bento Abade; ia às Lavras do Funil; ia aos Farias; e ia também aos: Garcias, Figueiredos, Gouveias. Nesta época, Carmo nada mais era que um ponto próximo a Lavras do Funil, que por sua vez pertencia a freguesia de Carrancas. A Cachoeira dos Rates foi um referencial no percurso de uma picada e perpetuada por ter tido seu nome incluído em Lei.

Os Rates são citados também em limites territoriais. O Sítio Cachoeira ficava em um ponto de passagem que ligava-se com Lavras do Funil, Encruzilhada, São Bento, e a Terra dos Coqueiros, hoje Coqueiral, entre outros. É provável que sua ação se estendia por toda a Comarca do Rio das Mortes, onde hoje estão as prósperas cidades de Varginha, Três Corações, Lavras, Boa Esperança, Nepomuceno, Carmo da Cachoeira, Luminárias, entre outras. O Sítio da Cachoeira influía e era influenciado só pelo fato de sua localização. Os tropeiros e os boiadeiros eram homens ousados que avançavam pelos sertões, partindo de vários, seguindo o roteiro dos rios e das antigas trilhas dos índios, e tinham esta parada como um referencial neste percurso. Numa época em que a metrópole controlava o processo de povoamento dos sertões e a limpeza das áreas, o extermínio da população indígena e quilombolas era uma constante, assim como os enfrentamentos e as expulsões de homens já instalados. Aqui não havia ouro. Era passagem. E passagem longe dos olhos controladores da Coroa Portuguesa. No sítio Cachoeira não havia Ermida. O único batizado foi encontrado até agora se realizou na casa de Manoel Antônio Rates em um altar foi portátil e trazido até aí pelo Padre Bento, no lombo de seu cavalo.

*Aguida, uma das filhas de Manoel Antônio Rates aparece no Vale do Sapucaí, como inventariante de Manoel Pereira de Carvalho, os Rates se espalham em locais onde existem atividade e economia viável."

O texto acima, extraído de carmodacachoeira.blogspot.com, nos proporciona a exata dimensão da responsabilidade de todos os membros da Família Rattes na busca a que nos propomos. Conhecer Manoel Antonio Rates e os caminhos por ele trilhados, saber quem são seus ascendentes e descendentes, tudo isso é muito mais do que conhecer as origens de nossa família: é contribuir para a cultura de uma cidade. Carmo da Cachoeira merece todo a nossa dedicação nessa tarefa. Acompanhar o blog de Carmo da Cachoeira é sempre um imenso prazer.

2 de abr. de 2008

Da Cachoeira dos Rates ao Rancho Alegre

Disse-me Leonor: "No ano de 2005, quando a Paróquia começou a pensar as comemorações de seus 150 anos, contatamos em Petrópolis, o Sr. Paulo Alves Rattes. [...] Numa das conversas que tivemos com o Sr. Paulo, ouvimos dele que a família recebeu, através da tradição a informação de que seu avoengo, por um motivo ou outro, decidiu dar novos rumos a sua vida e criar melhores condições de vida para sua família. Dizendo isso ele saiu, montado em seu cavalo. Assim que se deu conta da verdadeira intenção da conversa, sua esposa e alguns escravos ou auxiliares (não me lembro bem dos termos por ele utilizado) foram atrás dele. Só o alcançaram 60 (não me lembro a unidade de medida a que ele se referiu) adiante. Diante deste relato do Sr. Paulo Alves Rattes, baseado na tradição e de dados outros vindos através de uma cadernetinha, que seu pai tinha com algumas pequenas anotações sobre seus ancestrais, pergunto: Que caminho era este que o levaria a ALEGRE, ou melhor, ao 'RANCHO ALEGRE'? [...]"



Pois bem: em linha reta, Carmo da Cachoeira dista de São Pedro de Rates, no Espírito Santo (que iniciou como distrito de Alegre, terra de meu avô), exatamente 360 quilômetros, ou seja, 60 léguas, unidade de medida utilizada pelos tropeiros.

19 de mar. de 2008

A origem do sobrenome

Dedicado a Leonor Rizzi (que não é Rattes, mas bem que poderia ser...)

Rates, Rattes, Ratti, Ratz. Portugal, Itália, Alemanha? Afinal, qual a origem desse sobrenome?

Estudar a origem dos sobrenomes é como o estudar fósseis que nos levam ao conhecimento do nosso passado. Saber a origem e o significado dos sobrenomes satisfaz uma curiosidade e abre uma janela de possibilidades como conhecer algo sobre a procedência de algumas características familiares; sejam elas físicas e genéticas ou traços culturais advindos das etnias, grupos lingüísticos, eventos, modos de vida, gastronomia, ocupações e ofícios e regiões que habitavam nossos ancestrais mais remotos e que podem chegar, de alguma maneira, até as gerações mais recentes.

Os nomes pessoais primitivos surgem, indubitavelmente, pouco depois da invenção do idioma falado, nas idades não registradas que precedem a história moderna. Durante milhares de anos, os nomes eram as únicas designações que homens e mulheres utilizaram, quando o mundo era menos populoso que hoje e cada homem conhecia seu vizinho; uma indicação de endereço era suficiente para encontrar ou localizar uma pessoa. Com a invenção da escrita e um aumento maior da população mundial, isto foi ficando cada vez mais complexo, fazendo-se necessária uma mudança. Com o passar dos séculos, foram se formando as distintas línguas e assim nasceu um novo problema: a designação das pessoas.

Os nomes remontam às necessidades humanas ancestrais de identificar indivíduos, funcionavam mais como apelido. Normalmente foram atribuídos por suas características físicas ou pelos desejos idealizados por seus ancestrais. Muitas razões são apontadas para o uso de nomes e sobrenomes, das mais práticas como simplesmente chamar ou apelidar alguém, contar histórias sobre um indivíduo ou até questões de identidade cultural, proteção da descendência, heranças familiares como uma forma de certificar-se sobre a origem desse indivíduo.

Os etruscos já empregavam uma fórmula de pré-nomes, nomes e cognomes muito semelhante às atuais e depois influenciando os romanos espalhou-se pelos quatro cantos do mundo. O pré-nome tinha o mesmo significado atual do nome (de batismo p.ex.), o nome deu origem ao sobrenome ou nome de família e os cognomes eram uma espécie de apelido identificador ou título daquele indivíduo.

Os nomes de família (sobrenomes, nomes de família, surnames, lastnames, cognomi, apellidos, prénoms, familiennames, nachnames) surgiram da necessidade de identificação das pessoas especialmente durante a Idade Média. Até então, a alta nobreza, por razões de sucessão e heranças, utilizavam alguma forma de identificação de filiação. Imitando os costumes de pessoas proeminentes ou para diferenciação das famílias ou ainda para aspectos práticos de censos populacionais, os homens mais comuns passaram a utilizar como sobrenomes as designações de seus ofícios ou habilidades, de seus lugares de origem (toponímicos), de suas condições sócio-econômicas, de plantas ou animais ou, ainda, referentes aos nomes próprios devido à filiação, vassalagem, exércitos, tribos ou clãs de origem (Homeonímicos).

Os romanos foram os primeiros a observar que com a elevação da sua civilização, surgia a necessidade de designações específicas para reclamar seus direitos a heranças e classes. Assim, inventaram um sistema complexo, em que cada patrício recebia vários nomes. Nenhum deles, no entanto, correspondeu exatamente aos sobrenomes como nós os conhecemos hoje em dia, para "o nome do clã", ainda que hereditário. Também os escravos e outras pessoas relacionadas receberam nomes. Os exemplos são os Cláudios, a casa dos Tibérios e os Julianos. A lei estabelecia que quando um escravo era emancipado tomava os dois primeiros nomes de quem o liberava e os antepunha ao seu; quando era uma pessoa adotada, os nomes do adotante eram postos em seguida, de maneira a se distinguir os libertos das pessoas livres. Os romanos utilizavam primeiro o NOMEN, equivalente ao nome ou características físicas descritivas, de índole tradicional. Em seguida, no meio, ia o COGNOMEN, que constituía o sobrenome ou linhagem da família. Finalmente, figurava o AGNOMEN, que era descritivo de alguma qualidade, ofício, caráter pessoal ou defeito da pessoa. Às vezes, se antepunha um PRAENOMEN antes do NOMEN para acrescentar alguma qualidade especial ou mérito notório. Um exemplo do sistema romano de identificação pessoal é o de CAIO JÚLIO CÉSAR, cujo nome romano completo era: GAIUS LULIUS CAESAR. GAIUS era o NOMEN, que indicava "bonito", "belo", "charmoso". LULIUS era o COGNOMEN, que indicava que provinha da linhagem ou família (Julia). Finalmente, CAESAR significava "de cabelos longos" em latim, o que podia descrever uma característica física ao nascer, ou talvez alguma qualidade tradicional, visto que Júlio César era calvo na idade adulta. Este sistema foi aplicado por lei em todo o Império Romano, incluindo a Hispânia, que compreendia a Península Ibérica. Podemos apreciar a complexidade do resultado de um sobrenome quando o mesmo foi nome na época romana, pois a origem do liberto ou do adotado podia ser muito variada, tendo em conta que o Império Romano dominava e escravizava quase tudo que era conhecido naquele momento como mundo civilizado.

Este sistema demonstrou ser uma inovação temporal e complexa; ao ser derrubado o Império Ocidental pelos invasores bárbaros, houve uma reversão ao costume primitivo de utilizar um só nome. Apenas gradualmente, com o passar dos séculos e a complexidade crescente da sociedade civilizada, fez-se necessárias designações mais específicas. Enquanto se pode remontar às raízes de nosso sistema de nomes familiares aos precoces tempos civilizados, vemos que os apelidos hereditários, como os conhecemos hoje, surgem aproximadamente a partir do ano 900DC.

Desta época em diante era agregado ao nome de batismo outro nome, o qual hoje em dia conhecemos como sobrenome. Um sobrenome, então, é um nome agregado a outro batismal. Estas designações são de vários tipos e se classificam segundo a origem.

No ocidente europeu foi a partir dos séculos XV e XVI que os nomes de identificação tornam-se de fato sobrenomes de família e passam a ser sistematicamente registrados, normalmente nas igrejas de batismo. Pesquisar a árvore genealógica até essas épocas é uma possibilidade real ainda que apresentem dificuldades para se encontrar documentação comprobatória. Para épocas anteriores as dificuldades se multiplicam.

Em 1564 o Concilio di Trento ordenou que as paróquias registrassem cada indivíduo com seu próprio nome e o respectivo sobrenome. Desde então cada um de nossos ancestrais vem transmitindo o nome de família a seus descendentes, definindo e registrando os graus de parentescos.

A classificação de sobrenomes é uma disciplina interdisciplinar com ênfase na lingüística. Permite perscrutar, com mais ou menos certeza, sobre uma possível origem ancestral similar ao estudo dos fósseis na antropologia e arqueologia. As classificações são muitas. Resume-se aqui uma das possibilidades:

PATRONÍMICOS: Refere-se a um nome próprio, geralmente do patriarca (capostípite) da família (grupo, tribo clã), em geral referenciado como o filho de... Pode designar um clã familiar. (De Giovanni, Di Giacomo, Henriques, MacBeth, De Marco, Henriques, Marchi, Perez - filho de Pero ou Pedro, Hissnauer - família Hiss, Gallucci);

MATRONÍMICOS: Semelhante ao anterior porém referindo-se ao nome da mãe (Di Grazia);

HOMEONÍMICOS: Designa origem em uma mesma tribo, clã, núcleo humano definido por uma identidade. Pode ser compreendido como uma subclassificação de Toponímicos ou Patronímicos. Entretanto fornece maior precisão pois esse grupo humano poderá ter vivido em diversas regiões e não ter uma única liderança ou patriarca ainda que possam ter uma origem em um lugar ou em uma liderança distanciam-se desse início e, mesmo assim mantém um forte laço de identidade. Ex. Gallucci, Hissnauer - dos Hesseanos [Veja argumentos em: Sobre a origem dos sobrenomes].

TOPONÍMICOS (habitacionais ou étnicos) – Do lugar ou povo de origem. (Oliveira, Ferreira, Barcelos, Palermo, Corleone, di Napoli, Calabresi, Franco, Germano, Morano, Santiago).

ANTROPOMÓRFICOS – Referem-se às características físicas, como estatura, cor de pele ou cabelo ou sinais marcantes etc. (Rosso/Rossi, Moreno, Bianco/Bianchi/Blanco, Penteado, Morano), ou ainda qualidades morais ou comportamentais (Ratto/Ratti, Vero, Gentile, Guerra, Bento);

TEÓFOROS: Fórmula votiva ou religiosa (Laudadio, Dioguardi, Amodeo, Bárbara, Santiago, Bento). De muitas maneiras surgiram os nomes vocativos às divindades, como forma de prestar honra às mesmas, afirmar ou disfarçar a adoção de um credo. Outra possibilidade é a adoção desses nomes em crianças órfãs ou abandonadas e recolhidas por conventos e instituições similares, também era comum nesses casos receberem nomes invocativos de santos do dia e dias da semana (Francisco, Santiago).

TOTÊMICOS. Difere dos Teóforos por estarem associados à uma identidade de núcleo humano, tribo ou clã. Tem um sentido de proteção divina ao grupo e não a um indivíduo.

MAESTRIA, OFÍCIO ou PROFISSÃO: Referente diretamente à profissão ou aos seus instrumentos de trabalho. (Machado, Wagner, Cartolano);

QUALIDADES METAFÓRICAS: Referem-se às qualidades de qualquer natureza sem explicitá-las, mencionando-as de modo metafórico (De Marco, Marchi, Marques - além do significado patronímico, podem ser referentes em sua origem a um marco de território, fronteiras ou ao deus da guerra, Marte).

CRONOLOGIA: Indica a seqüência de nascimento como Primus, Primitius: o primeiro nascido; Tertius: o terceiro; Ottavo: oitavo.

HOMENAGEM: Rende uma homenagem a alguém ou lugar ou a outros interesses, como os religiosos (Santiago).

CIRCUNSTÂNCIAS: Define o nascimento em alguma circunstância que merece algum destaque. Exemplo: Entre os romanos Lucius que nasceu à luz do dia ou ao romper da manhã; Dominicus ou Domingos por nascer em um domingo. Nascimento ou Natalia podem ser pessoas nascidas no (ou próximas) do ano novo ou no dia do Natal; ou ainda Januário e o italiano Gennaro: nascidos em janeiro.

ONOMÂNICOS: Para os nomes atribuídos a alguém com a finalidade de transmitir determinada qualidade.

HÍBRIDO: Inclui duas ou mais possibilidades de classificação dos nomes familiares. Pode ser grafado Teo-Comportamental, p.exemplo.

INOVADO ou INVENTADO ou ADOTADO: Pode ser produzido por diversas razões como a falta de compreensão de nomes anteriores, grafias equivocadas, apelidos recentes que tornam sobrenomes incorporados, grafias equivocadas de lembrança de sobrenomes ancestrais que não aparecem nos pais ou avós imediatos (Gobet - Gobete; Hissnauer - Missnauer). Adoção de um nome sugerido como nome composto que torna-se sobrenome nas gerações futuras, modismos e tantos outros motivos.

Diante dessas considerações, colhidas em AMODEO, W. – AMODEO: Estudo de um ramo familiar (Título anterior: Família Bento Amodeo: Origens, lendas, histórias e genealogia. Internet: www.amodeo.bravehost.com e www.genealogia.amodeoweb.com. Versão 07/2007. [atualizada de 07/2004]. Visitado em: 19/03/2008. Brasil) e LIBRANDI, Liliana (Origen y surgimiento de los apellidos), fico inclinado a considerar duas possibilidades para a origem do sobrenome RATES (ou RATTES): se toponímica, deriva da freguesia portuguesa de Rates, no concelho de Póvoa de Varzim; se antropomórfica, advém da palavra ratto (ou ratti, no plural), que em italiano significa “rato”, designando agilidade e rapidez. Na Europa antiga, de um modo geral, não existia o sobrenome (patronímico ou nome de família). Muitas pessoas eram conhecidas pelo seu nome associado à sua origem geográfica, seja o nome de sua cidade ou do seu feudo: Pedro de Rates, Juan de Toledo; Louis de Borgonha; John York, entre outros. No Brasil, imigrantes adotaram como patronímico o nome da região de origem. Parece certo que as referências mais remotas que se tem no Brasil apontam a Pedro de Rates Henequim e Manoel Antonio Rates. Por conta disso, concentrarei as pesquisas em Portugal, direção que me parece mais coerente com a história.

17 de fev. de 2008

Montando a árvore genealógica

Para organizar a árvore genealógica dos Rattes, partirei do referencial mais antigo de que tenho conhecimento: Custódio José Ferreira Rattes.

Por questões de sistematização, adotei como norma utilizar o nome de registro ou batismo. Assim, para as mulheres, ainda que casadas, não será considerado o sobrenome do marido porventura adotado. Referências aos cônjuges serão efetuadas à margem da árvore genealógica. O registro de cada indivíduo será feito pelo nome completo, seguido da data e local e nascimento e da data e local de falecimento. As cidades serão grafadas pelo toponímico adotado à data do evento (nascimento ou falecimento), registrando-se ao lado o toponímico atual.

Desse modo, nossa árvore adotará a seguinte estrutura:

Custódio José Ferreira Rates ( - / - )

Teve os seguintes filhos:

1. Elídio Rattes (13.10.1858 – ..............-MG / ................. - .... )
2. ...
3. ...
n. ...

De Elídio Rattes descendem:

1. Apolinário de Moraes Rattes (09.07.1891-Alegre-ES / 11.09.1975-Barra Mansa-RJ)
2. Feliciano de Moraes Rattes (18.03.1893–Alegre-ES / 02.09.1954 – .. - .)
3. Jandira de Moraes Rattes
4. Elídio de Moraes Rattes
5. Maria de Moraes Rattes
6. José de Moraes Rattes
7. Maria Nina de Moraes Rattes
8. Lygia de Moraes Rattes
9. Alaíde Rattes

De Apolinário de Moraes Rattes descendem:
1. Anaxágoras Rattes
2. Amaryllis Dagmar Rattes (19.09.1921 - .... / 24.11.2007 – Brasília-DF)
3. Anacreonte Rattes
4. Anacharsis Rattes
5. Anaxímenes Rattes
6. Anaximandro Rattes (19.10.1929 – Cachoeiro do Itapemirim-ES - .....)
7. Amazyllis Rattes (20.05.1932 – Siqueira Campos, atual Guaçuí-ES)

De Amazyllis Rattes, a descendência completa até o momento é:

1. Ivana Rates Quaranta (04.05.1953 – Rio de Janeiro – RJ)
1.1. Tatiana Quaranta Trindade Silva (05.07.1974 – Brasília-DF)
1.1.1. Giovanna Quaranta Trindade Silva Rios (04.01.1995 – Brasília-DF)
1.1.2. Rafaella Quaranta Trindade Silva Rios (10.10.1996 – Brasília-DF)
1.2. Daniel Quaranta Trindade Silva (03.06.1975 – Brasília-DF)
1.2.1. Priscilla Cândido de Oliveira Trindade Silva (10.04.1993 – Brasília)
1.2.2. Matheus Cândido de Oliveira Trindade Silva (19.02.1995 – Brasília)
1.2.3. Gabriel Cândido de Oliveira Trindade Silva (27.11.1997 – Brasília-DF)

1.3. Bruno Quaranta Trindade Silva (04.10.1979 – Brasília-DF)
1.3.1. Giulia Catelli Quaranta Trindade Silva (14.12.1997 – Brasília-DF)
1.3.2. Pedro Catelli Quaranta Trindade Silva (20.07.1999 – Brasília-DF)
1.3.3. Guilherme Alves Quaranta Trindade Silva (15.09.2003 – Brasília-DF)
1.3.4. Camila Alves Quaranta Trindade Silva (22.09.2004 – Brasília-DF)


2. Roberto Rates Quaranta (18.08.1955 – Rio de Janeiro-RJ)
2.1. Roberta Madeira Quaranta (30.04.1978 – Brasília-DF)
2.1.1. Pedro Quaranta Alves Cavalcanti (26.09.2001 – Fortaleza-CE)
2.2. Carolina Madeira Quaranta (20.10.1979 – Brasília-DF)
2.3. Bárbara Madeira Quaranta (08.06.1981 – Brasília-DF)
2.4. Isabella Christina Cavalcante Quaranta (02.05.1994 – Fortaleza-CE)

3. Denise Rates Quaranta (27.06.1957 – Rio de Janeiro-RJ)
3.1. Alessandra Quaranta Correia de Melo (07.11.1975 – Brasília-DF)
3.1.1. Nathália Quaranta Collares da Motta (20.03.1995 – Brasília-DF)
3.1.2. Marcella Quaranta Clemente (01.11.2004 – Brasília-DF)

3.2. André Luiz Quaranta Correia de Melo (08.05.1978 – Brasília-DF)
3.2.1. Luiz Henrique Oliveira de Melo (19.11.1993 – Brasília-DF)
3.2.2. Gabriella Ferreira Quaranta (14.07.1998 – Brasília-DF)

3.3. Marcelo Quaranta Correia de Melo (21.09.1979 – Brasília-DF)
3.3.1. Maria Clara Feitoza Miranda Quaranta (27.01.2001 – Brasília-DF)
3.4. Leonardo Quaranta Correia de Melo (16.03.1982 – Brasília-DF)

4. Marcelo Rates Quaranta (03.05.1962 – Rio de Janeiro-RJ)
4.1. José Quaranta Neto (24.05.1985 - Brasília-DF)
4.2. Victor Barbosa Quaranta (21.07.1987 – Brasília-DF)
4.3. Gabriel Borges Sobreira Quaranta (30.04.1991 – Rio de Janeiro-RJ)
4.4. Yago Janos Andrevitch Gomes Quaranta (26.09.1995 – Rio de Janeiro-RJ)
4.5. Anna Isabella Gomes Quaranta (07.09.2001 – Brasília-DF)
4.6. Anna Beatriz Gomes Quaranta (02.09.2006 – Rio de Janeiro-RJ)

5. Márcio Rates Quaranta (02.01.1970 – Rio de Janeiro-RJ)
5.1. Fernando de Moura Quaranta (04.08.1993 – Brasília-DF)
5.2. Giuseppe Quaranta (26.07.1999 – Brasília-DF)
5.3. Carolina de Moura Quaranta (13.06.2001 – Brasília-DF)

A grande tarefa, pois, é estruturar corretamente todas as ramificações a partir de Custódio José Ferreira Rattes. Obviamente que essa tarefa deve ser efetuada a partir dos descendentes mais novos.

Peço a ajuda de todos.

14 de fev. de 2008

Por que busco minhas origens?

Afinal, qual a razão de se buscar a origem da família?

Para Maria Luiza de Assis Moura Ghirardi, a pesquisa sobre as próprias origens é inerente à experiência humana. A psicóloga afirma que buscar as origens é conhecer algo acerca de si mesmo, e que a necessidade de conhecer sobre nós mesmos é uma condição importantíssima na constituição de nosso mundo interior, nossa subjetividade. Assim, somos levados a formular uma teoria que dê significado à nossa inserção no mundo. Conhecer sobre as origens está ligado à capacidade de dar sentido a um “quebra-cabeça’ que situará o Lugar que ocupamos na vida; é um saber sobre quem somos e qual a importância que temos para aqueles que nos são muito queridos. Nascer é se ver atravessado pelas questões da vida e pelo mistério da existência. É CONHECER a posição humana e as condições necessárias à instalação de si no mundo com outros. Quando o ser humano se vê diante da impossibilidade de entrar em contato com sua história pessoal e com suas origens, é levado a um sofrimento sem contorno e, portanto vive uma experiência desesperadora.

Jonathan Sacks, rabino-chefe da Congregação Hebraica do Reino Unido, ensina, no seu livro "Uma Letra na Torá", que “a questão da identidade é fundamental, e não pode ser respondida se não conhecermos o nosso passado”.

Paulinho da Viola também afirmou: “...não sou eu que vivo no passado, mas é o passado que vive em mim”.

Todos nutrem curiosidade em saber de onde herdaram qualidades, manias e defeitos. É a força do atavismo que se manifesta, pois somos fruto da fusão de pedaços de nossos antepassados.

Finalizo com palavras de Maria Luiza Ghirardi: "Quando não temos CONHECIMENTO em relação às nossas origens, não conseguimos montar as peças que podem nos dar as pistas necessárias para saber quem somos. Perdemos a experiência de humanização; não conseguiremos montar projetos de vida e de futuro. E muito provavelmente não conseguiremos amar..."

13 de fev. de 2008

Pedro de Rates Henequim

No site da Câmara Municipal de Carmo da Cachoeira, Maria das Graças Menezes Mourão conta que os Rattes tiveram um representante de sua linhagem no caminho para as minas, bem no início da colonização: Pedro de Rates Henequim.

Passemos primeiro à história.

Nascido em Lisboa no ano de 1680, Pedro de Rates Henequim era filho bastardo de Francisco Henequin, um cônsul calvinista holandês, tido com Maria da Silva de Castro, católica portuguesa. Quando pequeno, fora tomado sob os cuidados de um padre, tendo estudado no colégio jesuíta de Santo Antão. Aos dez anos volta a morar com o pai, um cônsul holandês. Com esta proximidade, ele entra em contato com idéias reformistas, porém, continua a ter uma rígida educação católica.

Em 1702, se vê diante de dois caminhos: ou viver na Holanda, como sugerido pelo pai, ou ir para a Colônia. A época era de descobertas de ouro nas Minas Gerais do Brasil. Aconselhado pelo seu tutor, que temia um contato maior com o calvinismo, Henequim segue para a Colônia. Lá se depara com uma realidade caótica de línguas, costumes, crenças, culturas e raças juntas num mesmo lugar. Chegou a Minas Gerais, onde viveu nas regiões de Sabará, Ouro Preto e Serro do Frio. Maria das Graças Menezes Mourão sustenta que Pedro Henequim chegou a ser Superintendente das Minas do Rio das Velhas.

Em 1722, decide voltar a Portugal. Henequim não só acreditava que haveria mil anos de felicidade terrena, como afirmava que esse reino de felicidade, conhecido como 5º Império, se daria no Brasil. Assim, tenta estabelecer contato com o Infante D. Manuel, irmão de D. João V, para oferecer-lhe a coroa do Brasil, pois, no seu entender, sob domínio português, o paraíso terrestre não seria possível. Em paralelo, seus planos de se tornar religioso naufragam devido a um imprevisto amoroso: Henequim se apaixona por uma jovem menina chamada Joana, de 14 anos e acerta o casamento. Logo muda de idéia e tenta fugir do matrimônio, o que envolve uma situação de troca de identidade, com Pedro de Rates Henequim se fazendo passar por outrem. Aos 51 anos, finalmente se rende e se casa com Joana para, logo em seguida, quatro meses depois, abandoná-la com sua filha.

Em 1740 é preso, ao retornar de uma visita a D. Manuel, acusado de envolvimento em uma conspiração contra o rei D. João V. Preso, diversas circunstâncias trazem à tona uma cosmologia fantástica tecida por Pedro Henequim, que o tornava perigoso para duas instituições: a Igreja e o Estado português. Suas idéias totalmente avessas aos ensinamentos da religião católica o colocavam na posição de herético.

Bom em português, para provar que o homem foi criado por mais de uma entidade, Henequim serviu-se do texto bíblico que diz: ''Façamos o homem à nossa imagem e semelhança''. Escreveu ele: ''Se é 'façamos', é mais do que um''. Ele não aceitava o plural majestático. Ele também sustentava que os anjos tinham sexo, e que assumem, muitas vezes, papéis materiais. Para ele, a Virgem Maria não tinha orifício vaginal e possuía um membro masculino, sendo assim um ser andrógino ainda mais perfeito, por conter as qualidades do homem e da mulher. O paraíso, que estava no Brasil, conseguira sobreviver ao dilúvio graças a rodas que tinha embaixo de si. Nas bananas que alimentavam os escravos e nasciam em pencas por toda parte, ele identificou o fruto da perdição humana. Nas folhas das palmeiras pensou ter lido mensagens escritas (em português, evidentemente) pelo próprio Adão. Inspirado em pinturas medievais, dizia que Adão e Eva não tinham umbigo, pois o primeiro homem tinha sido feito do barro; e a primeira mulher, da costela dele. Por isso Deus não tinha cortado o cordão umbilical de nenhum dos dois!

Um vizinho, com vocação de delator, fez a denúncia à Inquisição. Cristão fervoroso, Henequim não esperou ser preso. Correu solícito aos tribunais, certo de que iria sair de lá absolvido e louvado. Ofereceu-se para escrever seus depoimentos porque temia não ser bem entendido. Não lhe foi permitido. Após um ano preso na casa de um Desembargador, Henequim foge, mas é recapturado dias depois. Transferido para os cárceres do Santo Ofício, onde foi possível garantir o sigilo que o rei exigia sobre o caso, passa a responder a processo por suas idéias religiosas. Henequim pretendia escrever uma trilogia detalhando o saber absoluto e final de que era detentor pela graça de Deus. A escrita parece ter sido o meio considerado por ele ideal para a apresentação dessa nova verdade: quando é preso pela Inquisição e convidado a expor seu pensamento, pede tinta, papel e sua Bíblia (o que lhe é recusado).

Começa, então, o jogo de cartas marcadas, que só tem fim em 1744, quando, sentenciado como herege, Pedro de Rates Henequim foi estrangulado com o garrote, e seus restos, de acordo com a sentença, foram incinerados e espalhados ao vento, para que “nem dele nem de sua sepultura possa haver memória alguma”.

Contada a história, algumas questões se me apresentam:
1. Em que período Pedro de Rates Henequim teria sido Superintendente das Minas do Rio Velho, uma vez que os registros a que tive acesso dão conta apenas do provisionamento de Manoel Borba Gato (ele mesmo, o bandeirante) na função?
2. Existem registros de descendência brasileira de Pedro Henequim?

Fontes: Trabalho apresentado ao NP 08 - Tecnologias da Informação e da Comunicação, do V Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom, por Prof. Dr. Márcio Souza Gonçalves, Ana Carolina Rodrigues e Zaira Brilhante de Albuquerque; Um visionário na corte de D. João V - Revolta e milenarismo nas Minas Gerais, de Adriana Romeiro.

Carmo da Cachoeira – Uma referência em Minas Gerais

Desde garoto, as localidades que eu tinha como referenciais da família Rattes (afora o meu Rio de Janeiro de origem) eram Barra Mansa, Volta Redonda e Petrópolis, no interior do estado do Rio de Janeiro, e Guaçuí e Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. Afinal, essas cidades representavam (e ainda representam) minhas origens mais próximas e cidades escolhidas para moradia pelos diversos tios. Um pouco depois, com a mudança de meu tio Anacharsis, Juiz de Fora, em Minas Gerais, também passou a integrar esse meu universo familiar.

Eis que, de surpresa, as terras de Minas Gerais ressurgem nessas referências, traduzidas em Carmo da Cachoeira. Por coincidência, simultaneamente às minhas pesquisas sobre Carmo da Cachoeira, meu primo Gustavo, em Juiz de Fora, e minha prima Gerti, em Brasília, faziam a mesma descoberta: era forte a possibilidade de a origem mais conhecida da família estar nessa cidade da região sul de Minas. A surpresa logo se tornou encantamento, com a leitura do site da Câmara Municipal de Carmo da Cachoeira e do blog assinado por TS Bovaris (carmo da cachoeira.blogspot). Depoimentos no Orkut também evidenciaram a flagrante admiração e respeito que a comunidade cachoeirense devota à figura de Manoel Antonio Rattes (ou Rates), tido como pioneiro daquelas paragens. Nesse particular, merece destaque a extraordinária e incansável pesquisa que vem sendo realizada por Leonor Rizzi, presidente do GAPA - Grupo de Apoio e Proteção aos Animais de Carmo da Cachoeira.

E é com respeito a Leonor Rizzi e a todos os cachoeirenses que busquei consolidar alguns dados sobre a cidade, desculpando-me antecipadamente pelos deslizes, incorreções e omissões.

Importa mencionar, de início, que o município de Carmo da Cachoeira, cuja sede dista 247 km de Belo Horizonte, está localizado em território montanhoso, banhado por vários cursos de água, tributários do rio do Cervo, bacia do Rio Grande (curiosamente, o rio que banha São Pedro de Rates, no Espírito Santo, denomina-se Veado). Sua superfície é de 497 km2 e a sede municipal, a uma altitude de 907 m. O clima é temperado, com temperatura média anual variando entre 19 a 25ºC, chegando a atingir 34ºC no verão e 2ºC no inverso. Sua base econômica é a agricultura e a pecuária, com a produção de café e leite.


A respeito da história da cidade, a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, publicada em 31 de janeiro de 1958 pelo IBGE, assim relatava: “São desconhecidas as origens mais remotas da cidade de Carmo da Cachoeira, cujo primitivo nome teria sido Espírito Santo de Varginha, ignorando-se totalmente a causa da mudança do topônimo para o atual.”

Já os atuais registros de documentação territorial do Brasil, disponíveis em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/minasgerais/carmodacachoeira.pdf, indicam o seguinte: “Segundo a tradição a expedição de Fernão Dias esteve na região no final do século XVII (entre 1675 e 1678), deixando moradores na Fazenda da Boa Vista, primeiro local habitado do Deserto Desnudo. Entretanto, somente em meados do século XVIII surge o nome de Manoel Antonio Rattes, fundou o sítio da Cachoeira e entre 1848 e 1852, com o Tenente Coronel da Guarda Nacional, José Fernandes Avelino, doaram os terrenos para o início do povoado. Registram-se como primeiros habitantes, o capitão João Damasceno Branquinho, Gabriel dos Reis Silva, Martinho Dias de Gouvêa, Capitão-Mor José Joaquim Branquinho, Capitão-Mor Manoel dos Reis e Silva e João Urbano de Figueiredo. No topônimo do município a denominação Carmo se refere à sua Padroeira Nossa Senhora do Carmo, e Cachoeira, devido a uma queda d’água nas proximidades da cidade.”

Embora de forma um pouco imprecisa, mas admissível pelo objeto do trabalho, o IBGE corrigiu de algum modo a origem da cidade e a razão do topônimo.

No site da Câmara Municipal, artigo da lavra de Maria das Graças Menezes Mourão aponta que “ocorreu também na região a presença de Domingos Ferreira Rates e João [ilegível] Fernandes, vendendo em 1718, uma sesmaria para Domingos Ferreira Couto, cujas terras divisaram com João Pinto do Rego.” Essa simples presença não nos parece suficiente para determinar a fundação da cidade, embora a menção seja relevante para melhor definir a ancestralidade.

A propósito dessa menção, entendo caber uma correção. Acolhendo sugestão de Leonor Rizzi, consultei o trabalho "Contribuição para a História Agrária de Minas Gerais - Séculos XVIII-XIX", do Prof. Angelo Alves Carrara, da Universidade Federal de Ouro Preto, onde verifiquei o arrolamento da carta de sesmaria a seguir:

1718/Domingos Ferreira Louro
½ — # 5-6 ª — comprada a vários possuidores com Domingos Ferreira Couto, Domingos Ferreira Rates e João e ? Fernandes — Pilar de São João del Rei — /João Pinto do Rego/lavras do corgo/campos gerais


Por esse apontamento, trata-se de sesmaria de meia légua quadrada, localizada no Pilar de São João del Rei, tendo como confrontantes João Pinto do Rego, lavras do corgo e campos gerais, concedida em 1718 pelo prazo de 5-6 anos, sendo concessionários Domingos Ferreira Louro, Domingos Ferreira Couto, Domingos Ferreira Rates e João [?] Fernandes, que a compraram, em conjunto, de vários possuidores.

Pelo texto, parece-me que Domingos Ferreira Louro comprou a sesmaria A VÁRIOS POSSUIDORES (ou seja DE várias pessoas), COM (em conjunto, em sociedade com) Domingos Ferreira Couto, Domingos Ferreira Rates e João Fernandes.

Na Tábua Cronológica de Carmo da Cachoeira, publicada em carmodacachoeira.blogspot.com, tem-se o registro de que, em 1745, os irmãos Manoel Rodrigues Rates e Antônio André Rates trabalharam como artesãos no acabamento na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas do Mato Dentro. Essa igreja, por apresentar uma série de singularidades construtivas e artísticas, é considerada como uma das mais importantes edificações setecentistas de Minas Gerais.

Supõe-se que o comerciante Manoel Antonio Rates instalou-se na região por volta de 1749 ou 1750. Dentro da fazenda, no Sítio da Cachoeira, às margens do ribeirão do Carmo, veio residir com a família, dando origem ao povoado.

Os primeiros registros da família Rattes na região de Carmo da Cachoeira remontam a 1770. Ainda de acordo com Maria das Graças Menezes Mourão, “os Rattes marcaram presença no foro religioso a partir dos batizados dos filhos do casal Manoel Antônio Rates e Maria da Costa Morais, filha de João Marques Padilha da Fazenda Pirapetinga do Palmital do Cervo, casado com Maria de Barros. Maria da Costa de Morais era neta de Maria de Morais Raposo e de Luis Marques das Neves (RIEG, 1°. Sem. 1939:381).” Sabe-se que Maria da Costa de Morais era paulista. Dos vários filhos do casal, apenas Cipriana Antonia recebeu o sobrenome paterno (todos os outros filhos são “Costa” ou “Costa Moraes”). Um dos casamentos de Cipriana foi com João de Araújo Abreu, e deste relacionamento nasceu Antonio de Araújo Abreu.

Ilustração de Maurício José do Nascimento, recriando a Casa dos Rattes em Carmo da Cachoeira. Ao centro, o comerciante Manoel José Rattes montado a cavalo. Publicada em carmodachoeira.blogspot.com.

Mais uma vez socorremo-nos da Tábua Cronológica de Carmo da Cachoeira para transcrever os seguintes registros: (1) em 20 de junho de 1771, acerca do batismo de Manoel, filho de Manoel Antonio Rates e Maria da Costa Morais, pelo Padre Bento Ferreira, na Ermida do Campo Belo; (2) em 8 de maio de 1794, sobre o batismo de Inácio, filho de Miguel Antonio Rates e Antonia Mendes de Andrade, na Ermida de Nossa Senhora das Dores do Paraíso, na Fazenda Bom Sucesso.

Nada do que dispomos permite, por ora, ligar Manoel Antonio Rattes a Elídio Rattes. Mesmo porque não creio que o simples levantamento de uma árovore genealógica ofereça as respostas que procuramos. É preciso resgatar a HISTÓRIA. Nascido em 13 de outubro de 1858, meu bisavô Elídio teve como pai Custódio José Ferreira Rattes. Quando e onde nasceu Custódio? Quem eram seus pais, quem foi sua esposa e quem eram todos os seus filhos? De que cidade e quando saiu Elídio em direção ao Espírito Santo? O que ele buscava? Como se vê, ainda temos que caminhar muito até podermos realmente “entrar” em Carmo da Cachoeira.

De qualquer forma, é necessária a mobilização de toda a família para a busca e divulgação de suas origens. Toda a sorte de documentos é importante: fotografias, anotações, certidões. Por Leonor Rizzi fui informado de que Antonio Lima Rattes (Daniel) e Péricles Lima Rattes passaram por Carmo da Cachoeira a caminho de Alegre (ES), em busca de certidões. O caminho é esse. E, quem sabe, possamos contribuir para que Carmo da Cachoeira possa ter sua origem muito bem escrita e documentada. Mãos à obra, pois.

10 de fev. de 2008

Álbum de família


Liliane (filha de Anacharsis Rattes), Norma Elizabeth e Maria Cristina (filhas de Anaximandro Rattes). Volta Redonda em festa.



São Pedro de Rates - A torre singela na Bahia

Tomé de Sousa (filho de João de Sousa, abade de Rates, e descendente de Martim Afonso Chichorro e do rei Afonso III de Portugal) veio ao Brasil por força de regimento de 17 de dezembro de 1548, de D. João III, rei de Portugal, que em seus 48 artigos disciplinava detalhadamente a instalação do governo, a concessão de sesmarias, a organização do comércio, as medidas para a defesa, o trato aos índios, invasores e outros mais. Tomé de Sousa aportou na Bahia em 29 de março de 1549, com 320 homens de armas, 1600 degredados e 6 jesuítas, chefiados por Manoel da Nóbrega. Entre aqueles, destacava-se o moço Garcia de Sousa d’Ávila (São Pedro de Rates, 1528 – Salvador, 1609) por ele tão estimado que, no dia 1 de junho, o nomeou "feitor e almoxarife da Cidade do Salvador e da Alfândega".

Tomé de Sousa doou a Garcia d'Ávila catorze léguas de terras de sesmaria que lhe haviam sido outorgadas pelo rei Dom Sebastião. Estas terras iam de Itapoã até o Rio Real e Tatuapara, pequeno porto cinqüenta metros sobre o nível do mar. Foi lá que Garcia d’Ávila ergueu sua Torre Singela de São Pedro de Rates em 1551 (medida de segurança exigida pelo regimento real). A construção do castelo foi concluída em 1624, pelo seu neto Francisco Garcia Dias d'Ávila Caramuru, filho de sua filha Isabel d'Ávila (tida com a índia tupi Francisca Rodrigues) e de Diogo Dias, filho de Vicente Dias e de Genebra Álvares (esta, filha de Caramuru e Paraguaçu).


Alguns registros apontam que Garcia d'Ávila era na verdade filho de Tomé de Sousa. Em Portugal, ele assinava Garcia de Sousa, e continuou com esse nome até quando foi para a Índia. Quando chegou ao Brasil foi que adotou o nome Ávila, para esconder o fato de que era filho de Tomé de Sousa. Garcia d'Ávila nunca se identificou como filho de Tomé de Sousa porque a lei portuguesa proibia que capitães-mores e governadores doassem sesmarias a seus familiares. Sobre Garcia d'Ávila, o padre Manuel da Nóbrega escreveu: “parecendo-me ainda estar Tomé de Sousa nesta terra”. A antiga construção portuguesa está situada a 70 metros acima do nível do mar, distando 2,5 km da praia e 4 km da vila dos pescadores de Praia do Forte.



A Casa da Torre foi a unidade central da maior propriedade do Brasil, uma sesmaria que compreendia áreas desde Salvador até o atual estado do Maranhão, o que correspondia a 800.000 km2, ou seja, 1/10 da área total de nosso país.


P.S.: A propósito, o braço na foto é o meu!

9 de fev. de 2008

São Pedro de Rates - O santo


Reza a lenda que o apóstolo São Tiago (também chamado de Santiago Maior, Santiago o Grande, e Santiago de Compostela, um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo), teria ido à Península Ibérica, vindo da Terra Santa, no ano 44 d.C., e, ao passar pela serra de Rates, convertido um certo Malaquias e o batizado como Pedro.

A propósito disso, o Padre Antonio Vieira (1608-1697), no Capítulo XII do Volume I de seu livro profético “História do Futuro”, diz:

Entrou em Braga o santo Apóstolo, e para entrar com estrondo de trovão (cujo filho o chamara Cristo, Nosso Senhor, se foi a uma sepultura célebre, onde jacia enterrado de seiscentos anos um santo profeta, judeu de nação, e que ali viera dar com outros cativos mandados de Babilônia por Nabucodonosor, chamado Malaquias, o velho, ou Samuel, o moço e em presença de infinito povo, chamando por ele o ressuscitou em nome de Jesus Cristo, a quem vinha pregar e publicar por verdadeiro Deus; batizou-o pouco depois, e dando-lhe o nome de Pedro, o escolheu e tomou por primeiro e principal de todos seus discípulos.
...

De sorte que ambas as transmigrações de Jerusalém concorrem para a fé de Portugal: a de Cristo com o Apóstolo Santiago, e a de Nabuco com o Apóstolo Malaquias, depois chamado vulgarmente S. Pedro de Rates, que foi a pedra fundamental depois do sagrado Apóstolo da Igreja de Portugal. Os filhos desta Igreja e herdeiros desta Fé foram os que dali a tantos anos dominaram com os estandartes dela as cidades e regiões do Austro, que são propriissimamente as que correm de uma e outra parte do Oceano Austral, à parte direita pela costa da América ou Brasil, e à esquerda pela costa de África à Etiópia, cuja rainha Sabá chamou Cristo Regina Austri; e estas são as terras de que no comento deste texto faz menção Cornélio: Americam, Brasilicam, Africam, AEthiopiam
.”

Pedro de Rates foi o primeiro bispo de Braga, entre os anos de 45 e 60 da Era Cristã, na época uma importante cidade da Galiza (Galícia), e daí o título episcopal de "Primaz das Espanhas". Pedro acabou por fundar uma pequena ermida, vindo a transformá-la num importante centro de culto.

Pedro também era um bispo muito exigente, virtuoso e totalmente contra os pecados da carne. Foi decapitado durante uma missa. O motivo teria sido as tentativas de conversão de crentes da religião romana à fé cristã, mas existe outra versão que diz que ele teria salvado uma jovem princesa pagã; esta, ao se converter, fizera votos de castidade, e seu marido, furioso, teria mandado matar o bispo e destruir sua igreja.

Pedro viria a ser seria sepultado num novo templo, reconstruído no mesmo local, que não resistiu ao ataque muçulmano. A partir de então, e durante cerca de quatro séculos, os cristãos jamais deixaram de acorrer às ruínas onde se conservava o túmulo daquele a quem passaram a chamar São Pedro de Rates.

Conclui-se, portanto, Pedro era denominado de Rates por simples alusão ao seu local de nascimento.

São Pedro de Rates – A vila portuguesa

A jovem capixaba São Pedro de Rates (com apenas 78 anos), tem uma xará portuguesa, só que muitíssimo mais velha.

Em Portugal, São Pedro de Rates é um povoado antigo, situado na freguesia de Rates, no concelho da Póvoa de Varzim, distrito do Porto, nascido e crescido à sombra de um mosteiro beneditino fundado pelo Conde D. Henrique, no ano de 1100. Veja-se, pois, que muito antes do surgimento do povoado São Pedro de Rates, já existia uma freguesia denominada Rates, na serra de Rates.

Essa é a imagem de São Pedro de Rates em 1669:

Esta é São Pedro de Rates hoje:

Tomé de Sousa, comandante de esquadra portuguesa, primeiro donatário da Capitania de São Vicente e primeiro governador-geral do Brasil, fundador da cidade de Salvador, nasceu em Rates, e era um fidalgo filho do Prior do Mosteiro de Rates, Dom João de Sousa, e de dona Mécia Rodrigues de Faria, tendo sido comendador de Rates e da Arruda na Ordem de Cristo. Assim, Tomé de Sousa foi um pioneiro dos Rates em terras brasileiras, e sua descendência está nestas paragens até hoje.

7 de fev. de 2008

São Pedro de Rates - O distrito capixaba



Essa é uma visão de São Pedro de Rates, distrito de Guaçuí, no Sul do Espírito Santo, próximo às divisas com Minas Gerais e Rio de Janeiro. Como minha mãe e alguns de seus irmãos são nascidos em Guaçuí (ES), fiquei curioso com o nome do tal distrito, mesmo porque meu avô Apolinário e meu tio-avô Feliciano nasceram em Alegre (ES), em 09.07.1891 e 18.03.1893, respectivamente. Daí, seria simples imaginar que meu avô e seu irmão teriam contraído núpcias e mudado de Alegre para Guaçuí. Só que parece não ter sido bem assim.

O município de Alegre foi oficialmente instalado em 6 de janeiro de 1891, resultado do desmembramento de Cachoeiro do Itapemirim. Como se vê, Apolinário, nascido 6 meses após a instalação do município, foi um dos primeiros alegrenses.

E o que tem Guaçuí a ver com isso? Na verdade, Guaçuí é "filha" de Alegre e "neta" de Cachoeiro do Itapemirim.

As terras de Guaçuí eram dominadas por tribos de índios puris, descendentes da nação tupi, localizadas num aldeamento onde está a sede do distrito de São Pedro de Rates.

Em 1820, Manoel José Esteves de Lima explora a região à procura de riqueza (metais preciosos). Vindo de Mariana, Minas Gerais, chefiava uma "bandeira" composta de 72 pessoas que seguia o curso do rio Itapemirim. Eles chegam aos domínios do Barão do Itapemirim.

A colonização começa a 29 de setembro de 1838, quando Justino Maria das Dores e mais dez Bandeirantes estabelecem-se na circunvizinhança. Deram o início à organização e cultivo de terras, promovendo o desenvolvimento agrícola e econômico da região. Eram: Manoel Domingos Viana, João Damasceno Barbosa, Joaquim Gomes de Azevedo, Domingos José Gonçalves de Ataíde, e os paulistas Antonio Ourique de Aguiar Valim e Silvestre Joaquim Rosa (irmãos), o guarda-mor português Joaquim Lobato e os irmãos paulistas Francisco Luiz e Luiz Francisco de Carvalho (este considerado um dos primeiros em Guaçuí a libertar seus escravos). A primeira denominação do lugar foi Bom Jesus do Livramento, em razão de uma imagem de Bom Jesus trazida por uma das escravas de Francisco Luiz de Carvalho.

A freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Alegre foi criada pelo decreto provincial nº 22, de 24 de julho de 1858, subordinada ao município de Cachoeira de Itapemirim (Cachoeira, e não Cachoeiro, como hoje). Em 25 de novembro de 1861, a Resolução nº 122 cria a Subdelegacia de Polícia de Veado, na Paróquia de Alegre, município de Itapemirim, com limites pelo rio Itabapoana, a partir da barra de Castelo, e pelo Rio Preto, até a Serra do Caparaó. Com a Lei Provincial nº 9, de 1866, é criado o distrito de Veado e anexado ao município de Cachoeira do Itapemirim.

Nossa Senhora da Conceição do Alegre foi elevada à categoria de Vila com denominação de Alegre pela Lei Provincial nº 18, de 03 de abril de 1884. Em 11 de novembro de 1890, pelo Decreto Estadual nº 53, a vila de Alegre foi desmembrada de Cachoeira de Itapemirim e constituída como município autônomo. Sua instalação, todavia, só veio a ocorrer em 6 de janeiro de 1891 (como se vê, Apolinário Rattes foi, de fato, um dos primeiros alegrenses).

Alegre foi elevado à categoria de cidade pela Lei Estadual nº 1208, de 22 de dezembro de 1919. Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 1920, o município era constituído de 6 distritos: Alegre, Café, Caparaó, Rio Preto, Vala de Souza e Veado.

Em 25 de dezembro de 1928, Veado foi elevado à categoria de vila pela Lei Estadual nº 1688. E em 10 de janeiro de 1929, foi instalado o município, que com território desmembrado do município de Alegre ficou integrado pelos distritos de Veado (sede), São Lourenço e Rio Preto. Em 3 de janeiro de 1930 (Lei Estadual nº 1730) é criado o distrito de São Pedro de Rates e anexado ao município de Veado. Em 30 de dezembro de 1929, Veado é alçado à condição de cidade (Lei Estadual nº 1722).

Em 8 de agosto de 1931, Veado passou a denominar-se Siqueira Campos. Alguns historiadores afirmam que o topônimo Siqueira Campos foi uma homenagem ao Tenente Antonio Siqueira Campos, um dos dois sobreviventes do movimento revoltoso “Os Dezoito do Forte”, no Rio de Janeiro (Copacabana) em 1922, e líder tenentista da revolução de 1930. Em 1930, ao saber que Luís Carlos Prestes lançaria um manifesto comunista, Siqueira Campos viajou até Buenos Aires, na Argentina, onde tentou convencer o chefe a mandar a idéia para não dividir os esforços revolucionários. Na viagem de volta, realizada na madrugada de 10 de maio de 1930, o avião que o trazia de volta ao Brasil, caiu no Rio da Prata, quase em frente a Montevidéu, no Uruguai. De acordo com os registros históricos, Siqueira Campos, enquanto nadava para a terra, sofreu um ataque cardíaco e faleceu antes de mesmo de afundar.

Outra versão aponta direção bastante diversa. Com o passar dos anos, o nome do animal “veado”, que batizava o município de São Miguel do Veado, tomou um tom pejorativo, havendo um movimento na comunidade pela troca do nome. Conta-se que gente da vila foi a Vitória, para discutir a mudança do nome do município, quando, durante a reunião no Palácio Anchieta, o Interventor João Punaro Bley vê, entrando na baía da cidade, o navio Siqueira Campos, tirando daí o novo nome do município.

É fato que na década de 1930 havia era uma imensa baderna a criação de nomes de municípios, cidades, distritos e vilas. Dois decretos de Getúlio Vargas colocaram um pouco de ordem no caos. O primeiro, nº 311, de 1938, sistematizou a divisão territorial do País. O segundo, nº 3599, de 1941, determinou a eliminação de nomes de municípios em duplicidade. Siqueira Campos era município da região norte do Paraná desde 5 de novembro de 1930. Por lei, garantia-se preferência de nome para quem escolheu primeiro.

Novo decreto estadual , em 31 de dezembro de 1943, remeteu a Siqueira Campos capixaba às origens de nação tupi, batizando-a com o nome, agora definitivo, de Guaçuí. Os dicionários de tupi-guarani demonstram que 'guassu' significa 'veado', e a terminação 'y', 'rio'. Reconstruiu-se a história do princípio do século XIX, quando o capitão-mor Manoel José Esteves Lima e a sua milícia fundaram a povoação às margens de 'guassu-y', rio Veado. No mesmo decreto, o distrito de São Lourenço passou a denominar-se Imbuí e o distrito de Rio Preto a denominar-se Divisa (que não tem nada de tupi-guarani...). Alguns autores atribuem como correta a tradução para "veado pequeno".

Em 1953, é criado o distrito de São Tiago, desmembrado do distrito de Guaçuí e Imbuí, e anexado ao município de Guaçuí. Em 1963, os distritos de Divisa e Imbuí são desmembrados de Guaçuí e elevados à categoria de município, com as denominações de Dores do Rio Preto e Divino de São Lourenço, respectivamente. Atualmente, o município é constituído de 3 distritos: Guaçuí, São Pedro de Rates e São Tiago.

Diante disso, podemos supor que Elídio Rattes, nascido em Minas Gerais, instalou-se na região de Alegre (na época pertencente a Cachoeiro do Itapemirim) na segunda metade do século XIX, provavelmente na localidade onde hoje está situado o distrito de São Pedro de Rates, que atualmente pertence a Guaçuí. Afinal, a denominação dada ao distrito criado em 1930 tem a ver com a Família Rattes (tronco de Elídio) ou seria uma homenagem de pessoas da região ao santo lusitano?

Tarefas interessantes que derivam de tudo isso:
1. Descobrir de onde, precisamente, saiu Elídio Rattes em direção ao Espírito Santo;
2. Verificar os registros que fundamentaram a edição da Lei Estadual 1730, de 03.01.1930, que criou o distrito de São Pedro de Rates, com vistas a resolver a questão toponímica;
3. Aprofundar as pesquisas sobre a origem da família Rattes (italiana, portuguesa, alemã?);
4. Verificar se Rattes, Rattis, Rates, Ratz e outras formas de grafia derivam do mesmo tronco comum.

1 de fev. de 2008

Álbum de família


Tia Lesy, Tio Anaximandro e Gustavo (que, em um auto-avaliação bastante suspeita, disse ser o meu primo mais bonito). Fotografia dos anos 60, provavelmente em Volta Redonda. Já se percebia, àquela época, uma certa "barriguinha" no meu primo mais bonito...

27 de jan. de 2008

Reunião dos Rattes em 1937

Esta fotografia foi tirada há 71 anos, em 1937... Conseguimos identificar 35 das 38 pessoas que posaram para esse registro histórico. Gostaria de saber quem são os artistas de números 05 e 06, bem como o bebê de número 16.

01 – Feliciano de Moraes Rattes - Filho de 17 e 18
02 – Letícia Rattes (Lourinha) – Esposa de 01
03 – Noêmia da Costa Alves Rattes – Esposa de 04
04 – José de Moraes Rattes - Filho de 17 e 18
05 – Desconhecido
06 – Desconhecido
07 – Maria de Moraes Rattes – Filha de 17 e 18
08 – Maria Nina de Moraes Rattes – Filha de 17 e 18
09 – Lygia de Moraes Rattes – Filha de 17 e 18
10 – Aurino – Esposo de 09
11 – Elmira – Esposa de 12
12 – Elídio de Moraes Rattes – Filho de 17 e 18
13 – Lucília Lessa Rattes – Esposa de 14
14 – Apolinário de Moraes Rattes – Filho de 17 e 18
15 – Maria Pia (seria uma prima de Elídio Rattes?)
16 – Desconhecida
17 – Elvira Salles Moraes Rattes (RAIZ FAMILIAR)
18 – Elídio Rattes (RAIZ FAMILIAR)
19 – Alaíde de Moraes Rattes – Filha de 17 e 18
20 – Epaminondas – Esposo de 19
21 – Amaryllis Dagmar Rattes – Filha de 13 e 14
22 – Geraldo Rattes – Filho de 01 e 02
23 – Manoel Renato Rattes – Filho de 17 e 18
24 – Anacreonte Rattes – Filho de 13 e 14
25 – Anaxágoras Rattes – Filho de 13 e 14
26 – Anacharsis Rattes – Filho de 13 e 14
27 – Anaximenes Rattes – Filho de 13 e 14
28 – Gecy Rattes – Filha de 11 e 12
29 – Petrônio Rattes – Filho de 11 e 12
30 – Maria Nina Rattes (Nininha) – Filha de 01 e 02
31 – Amazyllis Rattes – Filha de 13 e 14
32 – Paulo José Alves Rattes – Filho de 03 e 04
33 – Breno Ricardo Alves Rattes – Filho de 03 e 04
34 – Anaximandro Rattes – Filho de 13 e 14
35 – Miguel Rattes – Filho de 11 e 12
36 – Joel Rattes – Filho de 11 e 12
37 – Maria Esther – Filha de 11 e 12
38 – Terezinha Rattes – Filha de 01 e 02

25 de jan. de 2008

O início

Em 02.07.2005, alguém criou um tópico na Comunidade "Rattes" do Orkut, denominado "Vamos montar a nossa árvore". O início foi a descendência de Elídio e Elvira Rattes.
Em seguida, Guilherme adicionou a descendência de Martinho Rattes (ou Rattis), supostamente irmão de Elídio Rattes.
Todavia, o que se iniciou como uma poderosa idéia agregadora - de repente - murchou... Resolvi retomar o trabalho e sistematizar tudo o que foi levantado até agora. Obviamente, espero as contribuições de todos, para que possamos, em breve, ter um completo site com a história da família.